segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Levitação Quântica

Já dizia Arthur C. Clarke: “qualquer tecnologia suficientemente avançada é indistinguível de magia”. E o vídeo abaixo da Levitação Quântica está fazendo um sucesso absurdo por parecer justamente isso: mágica. Através de física quântica, cientistas da Universidade de Tel Aviv em Israel desenvolveram um simples porém complexo sistema de levitação, através de magnetismo e condutividade. Confira os vídeos, e uma explicação logo abaixo:








     "Uma camada supercondutora fina (~1µm de espessura) cobre uma bolacha de safira .A física quântica diz-nos que um campo magnético penetra no supercondutor na forma de tubos de fluxo discretos. O supercondutor reage fortemente a estes tubos, causando a flutuação do supercondutor no ar. A este efeito chama-se levitação quântica."
      “Supercondutividade e campos magnéticos não se gostam. Quando possível, o supercondutor irá expelir todo o campo magnético de dentro. Este é o efeito Meissner. No nosso caso, já que o supercondutor é extremamente fino, o campo magnético de fato penetra. No entanto, o faz isso em quantidades discretas (isso é física quântica afinal de contas!) chamadas tubos de fluxo.”
     “Dentro de cada tubo de fluxo magnético, a supercondutividade é localmente destruída. O supercondutor tentará manter os tubos magnéticos travados em áreas fracas. Qualquer movimento espacial do supercondutor causará os tubos de fluxo a se moverem. Para prevenir isso, o supercondutor permanece ‘preso’ no ar.”

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Freios ABS

     Olá pessoal, vi essa notícia no site do clicrbs, falando sobre Freios ABS e resolvi postar aqui, e adicionei um pouco sobre o atrito, para podermos entender mais sobre como funciona esse sistema de freios.

     Até 2014, todos os carros produzidos no Brasil deverão sair da fábrica com freios ABS - sigla em inglês para Anti-lock Braking System, ou sistema de freios antitravamento. O item de segurança funciona a partir de sensores que monitoram a velocidade das rodas, identificando quando alguma delas está prestes a travar e aliviando a pressão para evitar o bloqueio.
     O controle eletrônico permite que o condutor mantenha o controle do veículo, ou seja, habilita o motorista a desviar do obstáculo. Sem o ABS, em uma freada busca, as rodas não obedecem e não é possível evitar a colisão. Em pesquisa realizada pelo Centro de Estudos Automotivos (Cesvi), em 2007, mostrou que, com freio comum, a 70 quilômetros por hora, apenas 21% dos motoristas consegue desviar de um obstáculo, enquanto com o ABS o percentual sobe 81%. Além disso, o sistema antibloqueio faz com que o tempo de parada do carro seja menor.

     Bom, para entendermos melhor como funciona os Freios ABS,  teremos que entrar num tema chamado Atrito. Pedindo ajuda pro Sr. Wiki, teremos:
"Em física, o atrito é a componente horizontal da força de contato que atua sempre que dois corpos entram em choque e há tendência ao movimento. É gerada pela aspericidade dos corpos. A força de atrito é sempre paralela às superfícies em interação e contrária ao movimento relativo entre eles."
     Ou seja, o atrito é a força gerada pela fricção entre duas superfícies. Para termos atrito temos que ter contato entre dois objetos. Para ficar mais fácil de entender, vamos visualizar a figura ao lado. Temos um objeto amarelo sobre a mesa azul. Se o objeto está em repouso, então teremos somente a força da gravidade agindo sobre ele (Força Peso) e a da mesa sobre o objeto (Força Normal). Se não tem nenhuma outra força agindo sobre o objeto, então não temos força de Atrito, mas ao aplicarmos uma Força Motriz (pode ser um empurrão) em um dos lados do objeto,  gerará uma Força de Atrito na mesma direção mas de sentindo oposto à Força Motriz. Essa força de atrito resultante dependerá do intensidade da Força Normal e do Coeficiente de Atrito, que por sua vez depende dos materiais de que são feito os objetos.
     É normal repararmos que, ao empurrar um objeto, como uma mesa ou guarda-roupas, encontramos grande dificuldade de colocá-lo em movimento, mas após conseguirmos isto, é relativamente mais fácil mantê-lo em movimento. Esse fato se dá devido ao fato de termos dois tipos de atrito: o Estático e o Dinâmico. A força de atrito estático ocorre quando a força motriz não é suficiente para por o objeto em movimento, por exemplo quando você tenta por o armário em movimento e ele nem se move. Isso ocorre porque a força de atrito é igual a força aplicada. Quando a força aplicada é maior que a força de atrito, o objeto é colocado em movimento e apartir desse momento o atrito deixa de ser estático e se torna cinético, ou seja, o atrito cinético ocorre quando o objeto está em movimento.
     No gráfico podemos reparar que o coeficiente de atrito estático é maior que o dinâmico, e esta é a chave dos freios ABS. Esse sistema de frenagem evita que o pneu trave, passando do atrito estático para o dinâmico. A primeira e maior vantagem é que, como o coeficiente de atrito estático é maior a força de atrito também será maior, então é possível frear em uma distância menor. A outra vantagem é que como não há derrapagem, o motorista mantém o controle do veículo, podendo desviar caso for necessário.

Como frear com o ABS?
      Apesar das vantagens do freio ABS, especialistas reclamam que os motoristas não são informados sobre as diferenças de guiar um carro com sistema antitravamento. E você, saberia como agir? Christian Finkelstein, instrutor de pilotagem e proprietário do kartódromo SpeedKart, em Porto Alegre, dá as dicas de como proceder.
     A principal diferença é que, com ABS, o pedal do freio deve ser pisado até o fim, e é preciso mantê-lo acionado durante todo o percurso da frenagem. A maioria das pessoas tende a "aliviar o pé" no meio do caminho, pois imagina que as rodas vão travar - o que aconteceria com freios comuns -, mas esse risco não existe no ABS. Com o pedal pressionado, o sistema age plenamente e evita o bloqueio das rodas, garantindo a dirigibilidade do veículo.
     Outro detalhe importante, relacionado ao primeiro, é a trepidação no pedal. Os condutores, por falta de informação, costumam tirar o pé do freio quando o pedal começa a tremer. Mas a trepidação é normal, pois é causada pela alteração de pressão nas rodas - justamente o que impede o travamento delas. A instrução, pois, é manter o pé até o fim, sem medo de bloquear as rodas e sem medo da trepidação.
Vale lembrar, ainda, que por causa da estabilidade garantida pelo ABS, é possível manter o pé no freio enquanto se faz curvas. Isso, no entanto, na exime o motorista de fazer conversões em velocidades compatíveis e dentro do indicado pela sinalização no local.

     Feitoooooooo
     Bruno Martinez Ribeiro

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

7 Maravilhas do Mundo Quântico

Quark
De líquidos que voam a partículas que simplesmente surgem do nada a maior diversão dos físicos quânticos é mostrar que nós não conhecemos o mundo ao nosso redor – afinal, não há limite para o quão absurdo ele possa ser.
Confira sete efeitos quânticos que irão dar um nó no seu cérebro:

1. Dualidade de ondas e partículas
O maior dos mistérios quânticos diz respeito a uma dúvida que o homem tem desde os tempos de Euclides. Afinal, do que a luz é feita? O palpite de Isaac Newton é que a luz é feita de partículas muito pequenas, chamadas de corpúsculos. No entanto, Thomas Young, um físico do século XIX, mostrou que a luz se espalhava após passar por uma fresta, se comportando como se fosse uma onda. Então a luz é uma onda ou uma partícula? Talvez as duas! Um elétron, por exemplo, é uma partícula, mas pode ser refratado ou interferir com si mesmo como se fosse uma onda. Essa é a explicação criada pelo físico quântico pioneiro, Louis de Broglie, em 1924. Mas então como algo pode ser onda e partícula ao mesmo tempo? Talvez porque a luz não é nenhuma das duas coisas. É o que acha o físico Markus Arndt. Para ele os termos “onda” e “partícula” são construções que fazemos na nossa mente a partir de convenções, para facilitar a compreensão do mundo.

2. O efeito Hamlet:
Você já ouviu sua mãe dizer que uma panela de água não ferve enquanto você olhar para ela? Talvez você se ache muito esperto para acreditar nela, mas os físicos quânticos acreditam. A verdade é que panelas quânticas se recusam a ferver. Ou, só para te surpreender, elas fervem ainda mais rápido do que o normal. Também há vezes que elas entram em um dilema, como Hamlet: ferver ou não ferver, eis a questão! Parece loucura, mas tudo isso é uma conseqüência lógica da equação Schrodinger que descreve como os objetos quânticos evoluem em termos de probabilidade durante o tempo. Em termos básicos, simplesmente olhar para um objeto quântico interfere na forma com que ele se comporta.
 
3. Partículas que surgem do nada:
Elas podem só dar uma “passadinha” no nosso plano para dar um oi e depois sumirem, mas cientistas acham que elas podem ser o combustível de nanomáquinas. Física quântica e Shakespeare andam juntos no efeito Hamlet, mas aqui é diferente. O rei Lear diz que “nada surge do nada”, mas na física quântica objetos podem surgir do nada sim. Especificamente, se você colocar duas placas de metal uma em frente da outra (sendo que elas não estão carregadas), elas se movem, se atraindo. Elas não se movem muito (apenas algumas mil partes de milímetro), mas o movimento pode ser percebido com aparelhos específicos – isso por causa de partículas que surgem do nada. De acordo com cientistas é porque não existe o que chamamos de vácuo. O espaço que pode parecer vazio não o está.

4. A bomba quântica:
Se uma bomba pudesse ser ativada por um fóton, nós não estaríamos em uma situação boa. No momento em que a partícula de luz fosse percebida por nós, ela já teria interferido na bomba, ativando-a. Mas sabe como poderíamos contra-atacar? Com luz! Parece bizarro usar o que pode nos matar para salvarmos, mas usando esse truque quântico temos uma chance de 25% de nos sairmos bem. Pelo menos é isso o que propõem físicos israelenses. Vá entender.

5. Atividade assustadora a distância:
Essa propriedade realmente modifica a forma com que entendemos o mundo. Em 1964 um físico suíço calculou uma inequação matemática que mostrava a correlação entre o estado de partículas remotas em experimentos e suas condições: que os cientistas que estão fazendo o experimento conseguirão arrumar as condições para a ocorrência, que as propriedades das partículas medidas são reais e que nenhuma influência no experimento viajaria mais rápido do que a luz. No entanto experiências quânticas violam estes princípios. Em 2008 um físico da Universidade de Geneva mostrou que, se o livre arbítrio dos cientistas e a realidade forem mantidas, a velocidade de uma mudança de estado quântico pode ser 10 mil de vezes mais rápida do que a velocidade da luz.
 
6. O campo que não está lá:
Para entender física quântica você deve saber onde um campo eletromagnético não está para saber onde ele realmente está. Experimente pegar um imã em forma de rosquinha, cobri-lo com um metal para que não exista campo dentro dele, e jogar um elétron lá no meio. Se não há campo o elétron deveria se comportar como se não houvesse um, certo? Errado. A onda que é associada com o movimento do elétron vibra como se houvesse algo ali. Aparentemente, quando calculamos algo em escala quântica, não podemos buscar o efeito de uma partícula considerando as propriedades de onde a partícula se encontra. Também precisamos nos preocupar com as propriedades de onde a partícula não está.

7. Matéria miraculosa:
Esqueça aranhas radioativas ou genes mutantes. É a física quântica que te dá superpoderes. O gás hélio, por exemplo. Quando está em temperatura normal você pode usá-lo para encher balões (ou então inalar o negócio e falar com voz de “Tico e Teco”). Mas quando é resfriado, ele fica em estado líquido e é regido por propriedades quânticas. Aí que a verdadeira diversão começa. O hélio “superlíquido” desafia as regras da gravidade, subindo pelas paredes. Ele também pode passar por buracos incrivelmente pequenos. E, o mais bizarro – se você colocar hélio superlíquido dentro de uma bacia e girar a bacia, o hélio não se move. Mas se você mexer no líquido e fizer com que ele gire dentro da bacia, ele irá girar eternamente.

Fonte: Hype Science.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Cientista Doidão: Stanley Milgram

     Ele provou que as pessoas são muito más, bem mais do que imaginamos. E para fazer isso inventou um experimento muito louco. Nos anos 60, ainda repercutiam os julgamentos dos crimes nazistas em que muitos oficiais que participaram das carnificinas dos campos de concentração alegaram  estar apenas cumprindo ordens. Nesse contexto, Stanley Milgram, um psicólogo social com Ph.D. por Harvard, interessou-se em verificar até que ponto os valores morais de um homem comum resistiriam à ideia de autoridade e de obediência.
     Milgram recrutou 40 voluntários masculinos para operarem uma máquina que produzia choques numa escala de 15 volts a 450 volts em um outro voluntário (na verdade, um ator contratado). Eles foram informados de que receberiam o pagamento independentemente do que fizessem, mesmo que desistissem e fossem embora. A experiência era: um por vez controlaria uma máquina de eletrochoque e ela deveria ser acionada, em intensidades progressivas, cada vez que o voluntário, sentado em uma cadeira numa outra sala, errasse uma pergunta feita pelo "experimentador". Gravações de gritos e reações ao choque em diferentes intensidades eram acionadas cada vez que o voluntário aumentava o nível da punição. Frente à reação dos voluntários ao ouvirem os gritos cada vez mais assustadores, o experimentador insistia para que a pessoa continuasse com o experimento.
     Antes da experiência conduzida por Milgram acreditava-se que apenas de 1% a 3% das pessoas - que seriam psicóticas ou portadoras de alguma patologia - obedeceriam cegamente as ordens de machucar continuamente alguém até levá-lo à morte. O experimento mostrou que na verdade 65% das pessoas fizeram isso. O tipo de experimento de Milgram provocou inúmeras polêmicas e por questões éticas nunca mais pode ser repetido. Além de nos atormentar sobre o quanto podemos ser maus, Migram também desenvolveu uma maluca ideia sobre os seis graus de separação, ou a teoria do mundo pequeno.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Grandes Mulheres das Ciências: Hipátia, de Alexandria

     Bom, doidos. Não foram só os grandes homens que construiram a história da ciência. As mulheres também tiveram uma importante participação, e para abrir esse primeiro post sobre a vida das Grandes Mulheres das Ciências a primeira personagem real que me veio à cabeça foi Hipátia, de Alexandria. Conheci a história dela em um de meus primeiros livros sobre história da ciência. Havia apenas um pequeno parágrafo e a sensação que passava era de que só estava ali para preencher espaço e dizia apenas: "Hipátia de Alexandria, matemática e filósofa, foi diretora da Academia de Alexandria (Biblioteca de Alexandria) e morreu em 415." Apenas isso e nada mais. Mas foi o suficiente para despertar em mim a curiosidade. Afinal, quem fora essa mulher que não só fora matemática e filósofa numa época impensável para as mulheres exercerem tais funções, como chegou a ser diretora de uma das maiores escolas da antiguidade? Infelizmente não nos chegou muito sobre a vida dessa grande mulher, mas o que temos vale como lição para se carregar para sempre.
     Entre os gênios matemáticos da Antiguidade, Hipátia de Alexandria foi a primeira grande matemática mulher que se tem conhecimento. Nascida em Alexandria por volta do ano 370 D.C. (355 D.C. dependendo da fonte) foi filha de Teão de Alexandria, também um matemático distinto e autor de várias obras. Sabe-se que seu pai, um eminente professor no Museu de Alexandria e mais tarde se tornou diretor, foi simultaneamente seu tutor, seu professor e seu companheiro.  Para aqueles que não lembram, Alexandria é uma cidade do Egito e foi fundada por Alexandre da Macedônia, popularmente conhecido como Alexandre, O Grande. Alexandre foi o mais célebre conquistador do mundo antigo. Em sua juventude, teve como preceptor o filósofo Aristóteles. Tornou-se o rei aos vinte anos, na sequência do assassinato do seu pai. Na antiguidade Alexandria foi um grande pólo de cultura e livre expressão, mas, na época em que Hipátia nasceu, a cidade encontrava-se em uma disputa entre a Igreja Católica, que crescia em poder rapidamente, e as correntes filosóficas que punham em cheque as doutrinas da nova religião.
     Hipátia cresceu em um ambiente cercado de cultura sendo guiada por seu pai nos estudos da Matemática e Filosofia. Ele acreditava no ideal grego da “mente sã em um corpo sadio” (“mens sana in corpore sano”) estimulando a filha a exercitar tanto a mente como o corpo, contam as lendas que ele desejava torna-la “um ser perfeito”. A oratória e a retórica, com grande importância na aceitação e integração das pessoas na sociedade da época, também foram estudadas. No campo religioso, Hipátia recebeu informação sobre todos os sistemas de religião conhecidos, tendo seu pai assegurado que nenhuma religião ou crença lhe limitasse a busca e a construção do seu próprio conhecimento. Depois de estudar geometria e astronomia em Alexandria, foi para Atenas estudar. Sócrates Escolástico relata:
“Havia em Alexandria uma mulher chamada Hipátia, filha do filósofo Theon, que fez tantas realizações em literatura e ciência que ultrapassou todos os filósofos de seu tempo. Tendo progredido na escola de Platão e Plotino, ela explicava os princípios da filosofia a quem a ouvisse, e muitos vinham de longe para receber seus ensinamentos.”
     Ainda em Atenas tornou-se discípula de Plutarco e professava ensinamentos Neoplatônicos. Mais tarde regressou a Alexandria onde foi convidada para dar aulas no Museu, juntamente com aqueles que haviam sido seus professores. Por volta dos 30 anos, tornou-se diretora da Academia. Seus conhecimentos abrangiam a Filosofia, a Matemática, Astronomia, Religião, poesia e artes. Era versada em oratória e retórica. Escreveu diversos livros e tratados sobre álgebra e aritmética. Infelizmente suas obras foram perdidas durante o incêndio que destruiu a Biblioteca de Alexandria e outras quando o templo de Serápis foi saqueado. Do seu trabalho, pouco chegou até nós. Sabemos que desenvolveu estudos sobre a álgebra de Diofanto ("Sobre o Canon astronómico de Diofanto"), que escreveu um tratado sobre as secções cónicas de Apolónio ("Sobre as Cónicas de Apolónio") e alguns comentários sobre os matemáticos clássicos. E em colaboração com o seu pai, teria escrito um tratado sobre Euclides. Um notável filósofo, Synesius de Cirene (370 - 413), foi seu aluno e escrevia-lhe frequentemente pedindo-lhe conselhos sobre o seu trabalho. Através destas cartas ficou-se a saber que Hipátia inventou alguns instrumentos para a astronomia, como o astrolábio plano e o planisfério, e aparelhos usados na física como o hidrômetro e um hidroscópio. Um de seus alunos Hesíquio o hebreu, escreveu:
“Vestida com o manto dos filósofos, abrindo caminho no meio da cidade, explicava publicamente os escritos de Platão e de Aristóteles, ou de qualquer filósofo a todos os que a quisessem ouvi-la... Os magistrados costumavam consulta-la em primeiro lugar para administração dos assuntos da cidade”.
     Hipátia foi uma Grande Mulher que nasceu na época errada. Sua defesa fervorosa ao livre pensamento, seus ensinamentos Neoplatônicos, sua observação de que o universo era regido pela leis da matemática a caracterizaram como herege em um momento onde o Cristianismo triunfava sobre o Paganismo. Enquanto Orestes, um ex-aluno, fora prefeito da cidade, sua vida estivera protegida. Mas quando Cirilo tornou-se bispo de Alexandria, determinado a destruir todo o movimento pagão, sua morte foi anunciada.
     Em uma tarde de 415 D.C. quando regressava do Museu, Hipátia foi abordada por uma horda de cristãos furiosos que a arrancaram de sua carruagem, arrastaram-na para uma igreja e lá rasgaram-lhe as roupas deixando-a completamente nua e e posteriormente o seu corpo foi dilacerado com conchas de ostra, ou cacos de cerâmica, consoante as versões existentes. Os seus membros ensanguentados foram exibidos nas ruas. Por fim atiraram seus restos em uma fogueira.
     Morria com ela toda uma era de liberdade e florescimento filosófico e cultural em Alexandria e certamente para todos que viviam sobre a espada afiada da nova religião. Hipátia alimentou toda uma época com a luz do conhecimento e do saber. Calaram-lhe a voz e empurraram sua lembrança para as profundezas do esquecimento. Mas, dois milênios não foram suficientes para apagá-la da memória de todos os famintos pela verdade. Quando comecei a fazer este posto, descobri o filme Ágora, do diretor Alejandro Amenábar que conta ao mundo a vida de Hipátia de Alexandria.
Rachel Weisz, em Ágora
 "Reserve o seu direito a pensar, mesmo pensar errado é melhor do que não pensar."
Hipátia de Alexandria

     Bom finde a todos....

Se Leonardo Da Vinci projetasse o iPhone

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Livro: O Homem que Calculava, Malba Tahan

     Bom pessoal, aqui está a prova que brasileiros também escrevem bons livros. O Homem que Calculava, de Malba Tahan (pseudônimo de Júlio Cesar de Mello e Souza) é um romance voltado para o público infanto-juvenil, mas pode (e deve) se lido por todos. Fiquei conhecendo esse livrinho fantástico no primeiro grau, e esses dias resolvi rele-lo. O livro narra as aventuras e proezas matemáticas do calculista persa Beremiz Samir na Bagdá do século XIII. Só para curiosidade, a palavra cálculo tem origem do latim, Calculus, e tinha o significado de pedra, pedrinha, daquelas que em dado momento na antiguidade os pastores, para controlar seus rebanhos de ovelhas, os associavam a pedras que guardavam em sacolas. Cada ovelha correspondia a uma pedrinha. No início e final do dia, faziam as devidas correspondências. Se sobrasse pedra, faltava ovelha. Depois de tempos também passaram a ser usadas para contar e calcular outras quantidades, preços, e também para ensinar as crianças a contar. Também deu origem a palavra Cálculo Renal.
     O livro apresenta de forma romanceada, dentro da paisagem do mundo islâmico medieval, as peripécias matemáticas do protagonista, que resolve e explica, de modo extraordinário, diversos problemas, quebra-cabeças e curiosidades da matemática. Em certa passagem narra, inclusive, uma das lendas da origem do jogo de xadrez, a história da filósofa e matemática Hipátia de Alexandria e também a vida do grande geômetra hindu Báskara. Ao longo da leitura também se vai conhecendo alguns costumes da cultura Islã. Recomendo amplamente esta leitura a todos que se prezam em progredir sua mente. Recomento em especial a todos os profissionais ou estudantes que pretendem seguir a área das ciências exatas ou mesmo para quem trabalha em comércio, mercado financeiro, ou que de alguma forma utilize a matemática em seu cotidiano.
      Alguns dos problemas apresentados no livro são: A divisão dos 35 camelos, três irmãos haviam recebido uma herança de 35 camelos do pai, sendo a metade para o mais velho, a terça parte para o irmão do meio e a nona parte para o irmão mais moço. O problema dos quatro quatros, como escrever com operações matemáticas os números de 1 a 100 utilizando quatro números 4. O problema dos dez soldados em cinco filas: como colocar dez soldados em cinco filas de quatro soldados cada. O problema da pérola mais leve: entre oito pérolas, sete com pesos iguais e uma mais leve, usando a balança apenas duas vezes, descobrir qual pérola tem o peso diferente.
     Boa leitura a todos.
     Abraçassos
     Bruno Martinez Ribeiro

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Grandes invenções: Cerveja!!!!

     A primeira comunidade de homens e mulheres que acrescentou à História uma herança hoje reconhecida como intelectual foi a dos sumérios, um povo que viveu na região onde hoje fica o Iraque, nos campos férteis entre os rios Tigre e Eufrates, conhecida como Mesopotâmia. Intelectualidade é aquela capacidade que só os humanos têm de perceber coisas fora do alcance de seus cinco sentidos, o chamado pensamento abstrato. Os sumérios foram os responsáveis por algumas abstrações notáveis, que turbinaram a marcha da humanidade e influenciaram para sempre o modo como as pessoas pensam, agem e se comunicam - dos babilônios e egípcios, que vieram logo em seguida, até nós, aqui nesse mundinho, 50 séculos depois.
     Aos sumérios se deve a invenção da cerveja. Muita gente diria que, se eles não tivessem feito mais nada, só com isso já teriam garantido seu lugar no trem da História. E na janelinha. Mas eles fizeram. Entre outras bagatelas, devem-se aos sumérios o conceito de que os homens foram criados à imagem dos deuses, a fabricação dos primeiros instrumentos agrícolas, as tentativas iniciais de organização de cidades, os rudimentos do cooperativismo e a fabricação do vidro. Uau! Mas o auge da intelectualidade ainda estava por vir: os sumérios foram a primeira civilização da Terra capaz de registrar a própria história, porque eles inventaram a palavra escrita.
     Mas vamos ao que interessa: Birita!!! A história antiga da cerveja, bem como a de qualquer outra bebida alcoólica, está cercada de mistérios. A incapacidade dos povos antigos em registrar fatos históricos através da escrita justifica a inexistência de relatos antigos relacionados à cerveja. A notícia mais antiga que se tem da cerveja vem de 2600 a 2350 a.C. Desta época, arqueólogos encontraram menção no Hino a Ninkasi, a deusa da cerveja, de que os sumérios já produziam a bebida, mas muito se especula sobre a possibilidade de o homem produzir cerveja (o termo mais apropriado para este cerveja antiga, que muitas vezes levava mel em sua composição, é mead) desde pelo menos 8.000 a.C, que é a data da invenção da agricultura pelo homem pré-histórico. Afirma-se que sua descoberta se deu pouco depois do surgimento do pão. Eles descobriram que poderiam usar a cevada para levedar os alimentos, assim os sumérios teriam percebido que a massa do pão, quando molhada, fermentava, ficando ainda melhor. Assim teria aparecido uma espécie primitiva de cerveja, como "pão líquido". Mas o que faziam naquele tempo não era bem cerveja, apenas cevada misturada com água. Já na Babilônia dá-se conta da existência de diferentes tipos de cerveja, originadas de diversas combinações de plantas e aromas, e o uso de diferentes quantidades de mel. O Código de Hamurabi, rei da Babilônia entre os anos de 1792 e 1750 a.C., incluía várias leis de comercialização, fabricação e consumo da cerveja, relacionando direitos e deveres dos clientes das tabernas. A cerveja teve alguma importância na vida dos primeiros romanos, mas durante a República Romana, o vinho destronou a cerveja como a bebida alcoólica preferida, passando esta a ser considerada uma bebida própria de bárbaros. Tchê, mas que barbaridade!!!
     Durante a Idade Média, a produção em maior escala começou a ser difundida em abadias e conventos cristãos, e também durante esse período a cerveja começou a ganhar novas características, com adição de ervas, raízes, etc. que lhe conferiam aroma e sabor. Em parte, essas experiências com a adição de ervas buscavam dar à cerveja propriedades medicinais. Com o tempo, descobriu-se as vantagens da utilização da flor de lúpulo no preparo da cerveja, que garantia sua melhor conservação e dava a ela aroma e sabor característicos. Depois disso, a adição do lúpulo disseminou-se, e com o tempo a utilização de outros elementos vegetais foi deixada de lado. O uso de lúpulo para dar o gosto amargo e preservar é uma invenção medieval, atribuída aos monges do Mosteiro de San Gallo, na Suíça. O lúpulo é cultivado na França desde o século IX. O mais antigo escrito remanescente a registrar o uso do lúpulo na cerveja data de 1067 pela Abadessa Hildegarda de Bingen: "Se alguém pretender fazer cerveja da aveia, deve prepará-la com lúpulo."
     No meio caminho entre a invenção da cerveja e todas as novidades citadas acima, houve, principalmente por parte dos alemães, um grande esforço em melhorar a qualidade da cerveja. Desde a proibição da fabricação de cervejas no verão até a proclamação da famosa e hoje, para alguns, controversa Reinheitsgebot, muitas melhorias técnicas possibilitaram a existência da cerveja como a conhecemos hoje. A primeira espécie de "regulamentação" sobre o processo de fabricação da cerveja ocorreu em 1516, na Baviera. O documento, intitulado Reinheitsgebot, afirmava que a verdadeira cerveja, "pura", só poderia ser produzida com cevada, lúpulo e água. Os ingleses não concordaram, sobretudo na questão do lúpulo, e a partir daí as cervejas foram se diferenciando em seus vários tipos. Hoje, estima-se que existam mais de 20.000 tipos e subtipos de cerveja no mundo.
     A cerveja é resultado da fermentação alcoólica preparada de mosto de algum cereal maltado, sendo o melhor e mais popular a cevada. A temperatura ambiente é um fator muito crítico no processo de fabricação da cerveja. Mais precisamente durante a fermentação. Se o clima está muito quente (acima de 25 graus Celsius) a fermentação pode ocorrer de maneira descontrolada e prejudicar a qualidade da cerveja, de maneira oposta quando está muito frio (abaixo de 8 graus para cerveja de baixa fermentação e abaixo de 12 graus para cerveja de alta fermentação) a fermentação pode não ocorrer e se não temos fermentação não temos cerveja! :(
     A água corresponde a aproximadamente 90% na composição da cerveja. Mas não importa de qual localidade ela venha, pois a água utilizada nas atuais cervejarias passa por um processo de “preparação”, que a transforma em água cervejeira. Essa tecnologia, aliada a rígidos controles de qualidade, fazem com que o líquido usado em qualquer fábrica seja igual. Antigamente, a origem dessa água e as suas características tinham um efeito importante na qualidade da cerveja, influenciando, por exemplo, o seu sabor. Muitos estilos de cerveja foram influenciados ou até mesmo determinados pelas características da água da região.
     Dentre os maltes, o de cevada é o mais frequente e largamente usado devido ao seu alto conteúdo de enzimas, mas outros cereais maltados ou não maltados são igualmente usados, inclusive: trigo, arroz, milho, aveia e centeio. Usa-se a flor do lúpulo para acrescentar um gosto amargo que equilibra a doçura do malte e possui um efeito antibiótico moderado que favorece a atividade da levedura de cerveja em relação a organismos menos desejados durante a fermentação como os frequentemente encontrados em corpos em decomposição ou fezes de animais. As leveduras, nesse processo, metabolizam os açúcares extraídos dos cereais, produzindo muitos compostos, incluindo o álcool e dióxido de carbono. Dezenas de estirpes de fermentos naturais ou cultivados são usados pelos cervejeiros, sendo, de um modo geral, sortidos por três gêneros: ale ou de fermentação alta, lager ou de baixa fermentação, e leveduras selvagens.
     Bom doidinhos, espero que tenham gostado de ler esse post, assim como gostei de fazê-lo. Não quiz deixá-lo muito extenso, espero em breve fazer outro falando mais sobre o processo de fabricação e sobre os diversos tipos.
     Abraços a todos
     Bruno Martinez Ribeiro

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Prêmio IGNOBEL de Ciência

A Folha divulgou no último dia 30 o resultado do IG NOBEL… O maior antiprêmio da Ciência.
São simplesmente engraçadas as descobertas. As ilustrações são de Alpino.

sábado, 15 de outubro de 2011

Qual o tamanho do Universo?

Bom, aparentemente são 3.4MB...



Isto de acordo com o usuário Fotoshop do site Newgrounds.

Neste incrível gadget feito em Flash, foi feito uma escala de todo o universo, desde os sub-atômicos quantum, para quem não sabem eles são menores que átomos, até o fim do Universo que conhecemos à uma mera medida de um Yottametro, isto é, mais de 100 milhões de anos-luz!

Espero que vocês gostem desse flash:

The Scale of The Universe

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Como funciona o cinema 3D?

     Bom doidos, antes de entrar no tema 3D, quero abordar um assunto chamado Paralaxe Trigonométrica, que vai ajudar a compreender como nós enxergamos em 3D. Entre todos os sentidos, a visão é o veículo mais importante para a percepção. Mas os olhos são apenas dispositivos ópticos, a percepção necessita a participação do cérebro. Nosso ambiente produz muito mais sinais do que podemos analisar, consequentemente a percepção envolve em esquadrinhar a riqueza de dados e selecionar aspectos mais úteis.
Galáxia de Andrômeda
     A astronomia pode ajudar a entender uma parte desse processo de percepção, principalmente, que nos interessa agora, a relação de percepção de distância. Ao olharmos para o céus, enxergamos um amontoado de estrelas e galáxias, como na foto ao lado tirada pelo telescópio Hubble. A galáxia de Andrômeda (na foto) é uma extensão de centenas de bilhões de estrrelas como o Sol. Andrômeda está a uma distância de 2,5 milhões de anos-luz e é uma vizinha mais próxima da nossa Via-Láctea. A foto contém cerca de dez mil estrelas e uma centena de outras galáxias ao fundo. Olhando simplesmente a foto, não há como saber quais estrelas estão nosso quintal (relativamente falando, a 2,5 milhões de anos-luz de distância) e quais são galáxias que estão a mais de dez bilhões de anos-luz de distância. 
     Para resolver esse problema, usamos a primeira técnica direta de medição de distância das estrelas, que foi a Paralaxe Trigonométrica. Este método foi empregado em 1838 por Friedrich Wilhelm Bessel para demonstrar que a Terra girava em torno do Sol. Tendo em vista o movimento de translação que o nosso planeta faz em torno do Sol, um observador sobre a superfície da Terra verá uma mudança contínua e periódica nas posições aparentes das estrelas no céu. Assim, as estrelas mais próximas de nós, que chamamos de estrelas vizinhas, mudarão suas posições aparentes em relação às estrelas mais distantes. A quantidade medida deste deslocamento na posição aparente dessas estrelas é inversamente proporcional à distância à estrela. O mesmo pode ser usado no dia a dia, ao olha um objeto qualquer a uma distância, percebemos que o plano de fundo muda de posição. Ou seja, olhando uma estrela de dois pontos diferentes ao longo da órbita da Terra ao redor do sol, durante o curso de 6 meses, a estrela próxima parece desviar  para a frente para trás contra as estrelas fixas ao fundo. Medindo-se o ângulo desse desvio, sabendo-se o diâmetro da órbita terrestre e usando simples trigonometria do colegial, é possível calcular a distância até a estrela. Os seres humanos utilizam dois olhos precisamente da mesma maneira para obter uma percepção espacial. Você pode descobrir esse mecanismo, conhecido como visão estereoscópica, com um experimento simples: estique o dedo na frente dos olhos e olhe alternadamente com cada olho.
Paralaxe Trigonométrica
     Umas das primeiras técnicas 3D utilizadas no cinema foi o uso de anáglifos. Um anáglifo, também conhecida como  imagem estereoscópica, é composta pela sobreposição de duas imagens, capturadas de pontos ligeiramente diferentes (paralaxe). A imagem é formada por duas camadas de cor sobrepostas (geralmente vermelho e ciano), mas com uma pequena distância entre as duas para produzir um efeito de profundidade. Assim cada imagem será filtrada por meio de óculos especiais criando a impressão de ser 3D. O principal objetivo da estereoscopia é simular o que cada olho vê, de acordo com sua posição.
Perpesctiva
Olho Direito
Olho Esquerdo
Anáglifo
     Tradicionalmente, o óculos 3D era montado com lentes de cores diferentes e dessas mesmas cores criava a mágica: a profundidade é simulada pela distância entre os traços de cores diferentes. Cada lente filtra a imagem para o olho correspondente. Essa técnica tem sido rejeitada nos cinemas atualmente por diminuir a qualidade das cores e causar dor de cabeça, náusea, tontura e vômito a quem assiste. 
     No cinema Digital 3D, o truque é exatamente o mesmo: separar o que cada um dos olhos vê. Como o cinema Digital 3D precisa de todas as cores e alta resolução, o truque antigo não pode ser usado. Então, alguém teve a brilhante idéia de utilizar a polarização da luz para essa separação.
Onda Eletro-magnética
     Um feixe de luz pode ser compreendido como uma onda eletro-magnética propagante no espaço. Por "onda" entenda como a oscilação dos campos elétrico E e magnético B simultaneamente. Como não há componentes desses campos na direção de propagação (não no ar, ao menos), há dois graus de liberdade para essas oscilações. Cada um desses graus constitui uma componente de polarização da luz. Nos cinemas 3D, no entanto, utilizam a polarização circular.
Polaróide
     Existem materiais (chamados polaróides) que são capazes de cancelar uma dessas componentes, deixando passar apenas a outra. Se você tiver um polarizador em mãos e apontá-lo para um desses reflexos de luz no piso, ele pode desaparecer ou ficar mais fraco. Isso porque grande parte da luz refletida em certos ângulos tem apenas uma componente de polarização linear (relacionado ao ângulo de Brewster). Se você rotacionar o polarizador (ou mudar sua orientação), você notará que o reflexo reaparece ou desaparece mais ainda. Este é um truque conhecido dos pescadores: existe um óculos próprio para pesca que é formado por polarizadores. Ao cortar parte da reflexão da luz na água, o pescador consegue enxergar melhor.
Polarizado
      Então o cinema Digital 3D utilizou a idéia básica da visão estereocópica, usando duas imagens (uma para cada olho), mas ao invés de usar cores para filtrar oque cada olho vai enxergar, usa a polarização. Esse sistema é mais caro e complicado, porém é mais fiel e mantém as cores originais. Cada imagem é projetada com uma polaridade diferente e às vezes chega usar dois projetores simultaneamente. Para a visualização também são necessários óculos com lentes especiais. Cada lente dos óculos possui filtro de polarização diferente, uma lente filtra as ondas polarizadas na vertical e a outra na horizontal. Por a lente polarizada escurecer um pouco as imagens, a tela para projeção é prateada para aumentar o brilho da imagem.
     Bom pessoal, espero ter sido compreensível.
     Abraços a todos.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Guerra da Ciência: Santos-Dumont x Irmãos Wright

    Bom pessoal, inspirado no livro Guerra do Cálculo, decidi criar esse post sobre outro grande duelo que existiu entre esses três gênios: a invenção do avião. As invenções que mudam o curso da história não costumam surgir da noite para o dia. São resultado do trabalho árduo de diversos inventores e cientistas, que preparam o terreno para uma descoberta revolucionária. Entretanto, o crédito costuma ir para apenas uma pessoa, que por inventividade, gênio ou até por sorte, acaba dando o passo decisivo. A ele ou ela estão garantidas todas as glórias. Às vezes, porém, é difícil determinar quem merece ter seu nome imortalizado. É o caso da disputa entre Alberto Santos Dumont e os irmãos Wilbur e Orville Wright.
    Alberto Santos Dumont nasceu em Palmira, Minas Gerais, no ano de 1873, e foi um aeronauta, esportista e inventor brasileiro. Filho de Henrique Dumont, de ascendência francesa e engenheiro de obras públicas, e de Francisca Santos-Dumont, filha de uma tradicional família portuguesa. Com Alberto ainda pequeno a família se mudou para Valença e passou a se dedicar ao café. Em seguida seu pai comprou a Fazenda Andreúva a cerca de 20 km de Ribeirão Preto, interior de São Paulo. Ali, o pai de Alberto logo percebeu o fascínio do filho pelas máquinas da fazenda e direcionou os estudos do rapaz para a mecânica, a física, a química e a eletricidade. Ao ler as obras do escritor francês Júlio Verne, nasceu em Santos Dumont o desejo de conquistar o ar. Os submarinos, os balões, os transatlânticos e todos os outros meios de transporte que o fértil romancista previu com tanta felicidade exerceram uma profunda impressão na mente do rapaz.
     Em 1891, Alberto, então com 18 anos e emancipado, foi para a França completar os estudos e perseguir o seu sonho de voar. Ao chegar em Paris, admirou-se com os motores de combustão que começavam a aparecer impulsionando os primeiros automóveis e comprou um para si. Logo Santos-Dumont estava promovendo e disputando as primeiras corridas de automóveis em Paris. Com a morte do pai, um ano depois, o jovem Santos-Dumont sofreu um grande abalo emocional, mas continuou os estudos na Cidade-Luz. Em 1897 fez seu primeiro vôo num balão alugado. Um ano depois, subia ao céu no balão Brasil, construído por ele. Mas procurava a solução para o problema da dirigibilidade e propulsão dos balões. Projetou então o seu número 1, com forma de charuto, com hidrogênio e motor a gasolina.
     No dia 20 de setembro de 1898 realizou o primeiro vôo de um balão com propulsão própria. No ano seguinte voou com os dirigíveis número 2 e número 3. O sucesso de Santos-Dumont chamou a atenção do milionário Henry Deutsch de la Muerte que no dia 24 de março de 1900 ofereceu um prêmio de cem mil francos a quem partisse de Saint Cloud, contornasse a torre Eiffel e retornasse ao ponto de partida em 30 minutos. Santos-Dumont fez experiências com os números 4 e 5. Em 19 de outubro de 1901 cruzou a linha de chegada com o número 6, mas houve uma polêmica graças a um atraso de 29 segundos. Em 4 de novembro o Aeroclube da França declarou-o vencedor. Além do Prêmio Deutsch recebeu do presidente Campos Salles outro prêmio no mesmo valor e uma medalha de ouro.
      Em abril de 1902 Santos Dumont viajou para os Estados Unidos onde visitou os laboratórios de Thomas Edison e foi recebido pelo presidente Theodore Roosevelt. Em 23 de outubro de 1906, no Campo de Bagatelle, o 14-Bis voou por uma distância de 60 metros, a três metros de altura e conquistou a Taça Archdeacon. Uma multidão de testemunhas assistiu a proeza e no dia seguinte toda a imprensa louvou o fato histórico. O dinheiro do prêmio foi distribuído para seus operários e os pobres de Paris, como era o costume do inventor. Em 12 de novembro de 1906, na quarta tentativa, conseguiu realizar um vôo de 220 metros, estabelecendo o primeiro recorde de distância e ganhando o Prêmio Aeroclube. Santos-Dumont não ficou satisfeito com os números 15 a 18 e construiu a série 19 a 22, de tamanho menor, chamadas Demoiselles.
     Cansado e com a saúde abalada, Santos-Dumont realizou seu último vôo em 18 de setembro de 1909. Depois fechou sua oficina e em 1910 retirou-se do convívio social. Em agosto de 1914, a França foi invadida pelas tropas alemãs. Era o início da Primeira Guerra Mundial. Aeroplanos começaram a ser usados na guerra e Santos Dumont amargurou-se ao ver sua invenção ser usada com finalidades bélicas. Em 1932, explodiu a Revolução Constitucionalista, quando o Estado de São Paulo se levantou contra o governo de Getúlio Vargas. Isso incomodava a Santos-Dumont, que lançou apelos para que não houvesse uma guerra civil. Mas aviões atacaram o campo de Marte, em São Paulo, no dia 23 de julho. Possivelmente esse fato pode ter piorado a angústia de Santos Dumont, que nesse dia suicidou-se, aos 59 anos de idade, sem deixar descendentes.
      Pioneiros da aviação norte-americana, Wilbur Wright nasceu em Millville, Indiana em 1867, e Orville Wright, em Dayton, Ohio em 1871 . Os dois irmãos, que possuíam uma oficina de bicicletas em Dayton, lançaram-se à construção de planadores, entusiasmados pelos ensaios realizados por Otto Lilienthal, na Alemanha, e Chanute e Langley, nos EUA. O interesse de ambos pelo assunto surge em 1896, quando Wilbur lê sobre a invenção do alemão Otto, uma máquina que se levantava do chão - na qual seu criador morre. No início de 1899, Wilbur teoriza sobre como controlar um avião ao observar o vôo dos abutres. Nesse mesmo ano, os irmãos criam o primeiro planador. 
     A experiência com planadores permite-lhes construir a série de máquinas com motor Flyer a partir de 1903. Segundo um diário que então escreveram, os irmãos Wright voaram num aeroplano chamado "Flyer", com motor de 12 c.v., a 17 de dezembro de 1903, em Kitty Hawk na Carolina do Norte. O diário registra três outros vôos com o mesmo aparelho, dos quais um de 59 segundos à velocidade de 50 km/h. Conseguem voar por mais de meia hora em 1905, com a Flyer III, capaz de realizar várias manobras no ar.
     Os irmãos Wright tentaram vender sua aeronave ao Exército dos EUA em 1905; depois ao governo francês em 1906; e, posteriormente, a um grupo de industriais. Não obtiveram sucesso. Em 1907 foram à Europa, onde prosseguiram as negociações para a venda do invento. Somente em 1908 realizaram experiências públicas de vôo no Velho Mundo. Daí em diante, obtiveram grandes sucessos. O Exército norte-americano aceitou, finalmente, o avião em 1909, mas só anos depois é que os irmãos Wright passaram a ser considerados pelo governo dos EUA como inventores do aeroplano. A primeira morte ocorrida em um acidente aeronáutico, a do Tenente Thomas E. Selfridge, foi com um avião fabricado pelos Irmãos Wright. Orville Wright faleceu em Dayton em 1948 enquanto que Wilbur, em 1912, na mesma cidade.
     O vôo do Flyer 1 é reconhecido na maioria dos países do mundo e pela Fédération Aéronautique Internationale como o primeiro de um aparelho voador controlado, "mais pesado que o ar". Para brasileiros e franceses, no entanto, a primazia do invento cabe ao brasileiro Alberto Santos-Dumont. Apesar do reconhecimento há polêmicas quanto a ser o vôo do Flyer 1 o primeiro controlado, principalmente em vista de outros engenhos, anteriores ao Flyer 1, também foram controlados, não autopropelidos. O primeiro aparelho voador mais pesado que o ar foi inventado pelo francês Clément Ader em 1890. No entanto, não permitia controlar a direcção do vôo.
     O vôo do Flyer 1 não ocorreu na presença de testemunhas, não caracterizando portanto um evento com credibilidade pública, ao contrário do vôo do 14-Bis de Santos Dumont. O feito dos irmãos americanos não teve o reconhecimento público imediato porque não foi presenciado por muitas testemunhas, apenas por alguns salva-vidas e um agente dos correios. Era uma época em que vários inventores de diversos países estavam tentando criar a primeira aeronave mais pesada do que o ar capaz de voar com sucesso. Os Irmãos Wright não queriam derramar informações ao seu principal rival Samuel Pierpont Langley.
     Evidências indiscutíveis, como fotografias dos vôos, correspondências trocadas pelos irmãos e anotações técnicas detalhadas, consagraram-nos no mundo como os primeiros a voar. Com um porém: o avião dos irmãos Wright não decolava por meios próprios, mas catapultado mecanicamente, isto é, com auxílio de equipamento de lançamento. Como não tinha rodas, nos primeiros testes, em 1903, era preciso usar um trilho para ganhar velocidade e contar com a ajuda do vento contrário para se erguer no ar. Mais tarde, em 1904, os irmãos acoplaram ao trilho uma catapulta, o que encurtou a extensão do trajeto a ser percorrido e diminuiu a dependência do vento. Apostavam que as rodas eram um peso desnecessário e que usar um trilho era mais prático do que encontrar um longo campo plano para decolar.
     A partir de 1906, os Wright se envolveram numa série de disputas de patentes. Depois da morte de Samuel P. Langley , outro pioneiro da aviação, e de Santos Dumont ter realizado seu feito em Paris, começou a discussão de quem seria o verdadeiro "Pai da Aviação". Os irmãos Wright só apareceram ao público em 1908, com uma aeronave mais avançada que qualquer outra existente, reivindicando o título de pioneiros da aviação mundial. Mas até 1910, todos os aparelhos dos Wright necessitavam de uma catapulta ou vento intenso em uma pista em declive, enquanto o aparelho de Santos Dumont saia do chão por seus próprios meios, voava de forma controlada e pousava tranquilamente.
     Mas, afinal, quem é o pai dessa criança? No meio de tantas evidências de todos os lados, a criança (no caso o avião) não tem um "pai". Tem vários.
     No dia 23 de outubro de 1906, Alberto Santos-Dumont, mineiro de nascimento, parisiense de adoção, decolou com um aparelho mais pesado que o ar. Seu 14-Bis, uma geringonça de 290 quilos e com um motor de 50 cavalos, subiu a uma altura de quase três metros no Campo de Bagatelle, em Paris, e voou 60 metros. Foi o primeiro vôo feito em público e num aparelho que saiu do chão e pousou por meios próprios ("pousou" em termos; na verdade, o 14-Bis desceu bruscamente e quebrou as rodas). O feito lhe valeu um prêmio de 3.000 francos, instituído por Ernest Archdeacon para quem voasse mais de 25 metros.
     Em 17 de dezembro de 1903, Orville e Wilbur Wright haviam voado 260 metros com seu Flyer, uma aeronave improvável de 300 quilos e com um motor de 12 cavalos, que decolara de uma colina. O feito, sem testemunhas, foi comunicado por telegrama. Até Santos-Dumont reconheceu que não seria possível em 1908 que os Wright não tivessem uma experiência grande de vôo anteriormente, porque, quando os europeus estão voando 10 quilômetros e ficando 15 minutos no ar, o avião dos Wright fica mais de duas horas no ar. Então eles já faziam isso antes, como estavam falando.
     Na comparação, do ponto de vista aerodinâmico, o avião brasileiro sai perdendo. Baseado no conceito das células de Hargrave (caixotes vazados como em pipas japonesas), o 14 Bis acabou ultrapassado. Porém, trouxe inovações importantes: o trem de pouso e os ailerons, que permitem a inclinação para os lados, conferindo maior estabilidade. E há quem defenda que a aeronave dos Wright sequer possa ser considerada um avião. O que eles inventaram não passa de um planador motorizado. Muita gente se surpreende ao saber sobre a catapulta.
     O título de "inventor do avião" poderia ser dividido entre muita gente. Como o alemão Otto Lilienthal, morto em 1896 num vôo de planador. Como Gabriel Voisin e Louis Blériot, o primeiro a voar sobre o canal da Mancha, em 1909. Se os irmãos Wright foram os primeiros, Santos-Dumont fez mais pela aviação. Foi ao brasileiro que a irradiação original da aeronáutica se deveu, portanto, se a alcunha de "pai do avião" é exagero, a de "pai da aviação" é justíssima.
     A polêmica está cercada de ufanismo, e é provável que jamais possamos dizer com certeza quem foi o primeiro homem a voar. Porém, há um fato curioso. Quase 100 anos depois do feito de Santos Dumont, o 14 Bis voltou a ganhar os céus. Ou quase: trata-se de uma réplica, construída pelo coronel paulista Danilo Flôres Fuchs, que pilotou seu avião diversas vezes, inclusive uma em São Paulo, em 1989, e outra em Paris, em 1991. “Ele é bastante estável e é possível atingir distâncias maiores de 1 quilômetro”, diz Fuchs. Nos EUA, sonha-se fazer o mesmo com o Flyer. Existe até uma fundação, a Discovery of Flight Foundation, que se dedica a estudar a façanha dos Wright, construindo réplicas e tentando fazê-las voar. Até hoje, não conseguiram.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

É sexta-feira!!!!!

Bom doidos,
finalmente chegou sexta e a canseira tá tomando conta....
e pra finalizar o dia tenho 3 aulinhas de cálculo hoje, e algo me diz que vai ser mais ou menos como o quadrinho....




Bom finde a todos

Livro: A Guerra do Cálculo, de Jason Socrates Bardi

     Bom doidões, acabei de ler este excelente chamdo A Guerra do Cálculo, de Jason Socrates Bardi. O livro trata da disputa intelectual entre dois gênios da ciência, Isaac Newton e Gottfried Leibniz, sobre quem seria o pai do Cálculo (ferramenta matemática que alavancou o progresso da física e engenharia). A guerra entre esses dois gigantes durou décadas, e retumba até os dias de hoje.
     Atualmente é fácil achar a resposta dessa dúvida a respeito da invenção do Cálculo: Newton o inventou primeiro. As coisas começam a ficar complicadas quando descobrimos que, apesar de Newton o ter concebido antes, Leibniz foi o primeiro a publicar suas descobertas sobre esta, nova área da Matemática. Some a isso uma boa dose de arrogância e nacionalismo europeu e terá uma guerra. Nas palavras de um comentário na contra-capa do livro, "a maior disputa sobre propriedade intelectual da história". Leibniz e Newton tinham bastante em comum quando adultos: ambos eram cientistas geniais, localizados numa encruzilhada da história onde o método experimental começava a se tornar difundido. Os dois souberam se aproximar do poder para buscar recursos para as ciências que tanto amavam. E eram dois nerds: Newton morreu aos oitenta anos virgem, e Leibniz não ficou muito atrás. O cotidiano da ciência permitiria uma bela coluna semanal de fofocas, pois sempre se podia contar com Hooke, o cara da constante das molas e também um encrenqueiro de primeira, barraqueiro de dar inveja a peruas de novela das sete.
     Sir Isaac Newton nasceu em Woolsthorpe (Inglaterra) no ano de 1643. Mais reconhecido como físico e matemático, embora tenha sido também astrônomo, alquimista, filósofo natural e teólogo. Newton estudou no Trinity College de Cambridge, e graduou-se em 1665. O cálculo foi desenvolvido por Newton durante os criativos anos de 1665 e 1666. Ele chamou seu método da fluxos e fluentes, mas manteve seu trabalho em segredo durante maior parte de sua vida.  Gottfried Hilhelm von Leibniz nasceu em Hanover (Alemanha) no ano de 1646. Foi advogado, filósofo, bibliotecário, cientista, matemático e diplomata. Em 1663 ingressa na Universidade de Leipzig, como estudante de Direito. Em 1666 obtém o grau de doutor em direito, em Nuremberg. Leibniz debruçou-se sobre o cálculo durante os prolíficos anos que passou em Paris, por volta de 1975. Embora fosse um advogado e não tivesse nenhum treinamento formal em matemática, em poucos anos conseguiu harmonizar todas as descobertas de seus comtemporâneos nessa área e assim conceber o cálculo. Embora tenha sido, cronologicamente, o segundo, foi o primeiro a publicar seu sistema de cálculo, e suas idéias e notações são as mais usadas hoje em dia.
     Se hoje em dia Leibniz e Newton são vistos como co-inventores independentes e ambos recebem crédito, no passado a história foi outra. Acusações de plágios e desonestidade surgiram dos dois lados. No auge da guerra do cálculo, Leinbniz e Newton atacaram um ao outro, tanto em segredo como abertamente.
     Porque ler este livro??
     Além de ter sido escrito de uma forma bem acessível e fascinante, aprendemos também que gênios também são pessoas normais. Nele aprenda porque Newton não publicou o Cálculo assim que descobriu (muitos anos antes de Leibniz), como e por que surgiu esta guerra, aprenda como Leibniz foi um gênio estratégico de guerra 100 antes de Napoleão, saiba que o Sacro Império Romano não era sacro, nem romano e nem sequer um império, o que Newton e Leibniz fizeram além de Matemática, e como isso influia em seus trabalhos matemáticos, descubra como se posicionavam os outros matemáticos da época com respeito a esta disputa, e por que Newton morreu como um herói nacional e Lebinz terminou sua vida com poucas honrarias.

Abraçassos
Bruno Martinez Ribeiro

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Janela de Overton

O termo "Janela de Overton" foi dado em homenagem a Joseph P. Overton, que era vice-presidente do Centro Mackinac para políticas públicas nos anos 90 e criou um modelo que mostra como as opiniões públicas podem ser mudadas intencionalmente e de forma gradual por um pequeno grupo de pensadores ("Think tank"). Ou seja, idéias que antes pareciam impossíveis são plantadas na sociedade e, com o tempo, se transformam até mesmo no oposto do que era antes. Imaginemos qualquer causa politico/social (educação, aborto, descriminalização de drogas, não interessa). Para cada causa há um espectro de idéias que vai de um extremo a outro (do pensamento mais radical ao mais liberal). A Janela de Overton é o leque de idéias "aceitáveis" na sociedade, ou seja, a posição da sociedade num dado espectro.

Quando um Think tank tem de promover uma idéia que está fora do que a opinião pública considera razoável, ela "puxa" a janela na sua direção. Assim, através da sua ação na mídia, vai introduzindo no discurso público idéias a princípio consideradas radicais, impossíveis de implementar, mas que, com a exposição do público a essas ideias, o que era inaceitável passa a ser tolerável, e o que era aceito pode até passar a ser rejeitado.
Podemos ver esse mecanismo em ação agora mesmo, ao assistirmos a uma massificação/exploração da homossexualidade pela mídia, assim como fizeram nos anos 90 com o culto à marginalidade (e uso a palavra em seu sentido mais amplo, do que está à margem). Colheremos bons e maus frutos disso, mas não amadureceremos como sociedade, assim como não amadurecemos em relação às classes sociais, pois não há debate ou esclarecimento, apenas imposição e tomadas de lado. Sem entrar na questão de certo ou errado (isso seria desvirtuar todo o post e olhar pro dedo, em vez de olhar pra Lua), dá pra perceber uma saturação de personagens homossexuais nas novelas, assuntos relativos ao tema nos telejornais, como que empurrando goela abaixo da sociedade algo que até então era tabu, num equivalente psicológico do que seria um "tratamento de choque". Tratamentos assim podem até curar os sintomas, mas à custa de recalques e traumas que ficarão adormecidos, apenas esperando um gatilho para explodir.
Existem tantos outros tantos exemplos de manipulação, mas os mais dramáticos são os que levam um país inteiro a uma guerra.
Todo mundo sabe que a guerra do Iraque foi baseada numa mentira (as tais "armas de destruição em massa") mas o que poucos sabem é que tudo seguiu um script de um relações-públicas de guerra contratado pelo governo dos EUA para controlar todas as informações que apareceriam na mídia (e controlar, assim, a percepção das pessoas). Esse homem é John Rendon. Suas ações foram além de plantar notícias: ele também criou, a pedido da CIA, forças dissidentes dentro do Iraque a fim de que depusessem o governo desse país na base da violência. Então se você acha que o enforcamento de Saddam Hussein foi planejado e executado "soberanamente" por iraquianos... bem, se você é um cara que acredita em tudo o que vê na TV, provavelmente deve achar que o David Copperfield é um Avatar!
Rendon também participou do 11 de setembro, trabalhando para o Pentágono no Office of Strategic Influence, cuja missão era plantar notícias falsas e esconder suas origens. Outra missão era monitorar e participar de fóruns e chats em lingua árabe (lembrem que a única "confirmação" de que Osama Bin Laden foi morto foi feita num desses fóruns em que a Al Quaeda supostamente participa. A mensagem poderia ter sido escrita até por mim, mas a mídia comprou essa informação como verídica, assim como tem comprado tudo o que o governo americano diz que é pra ser).
Abro um parênteses pra lembrar que esse ano Obama se reuniu com os principais executivos da internet (Google, Apple, Facebook, Twitter, Yahoo, entre outros). Supostamente o jantar era pra falar sobre a geração de empregos, mas diante dos fatos descritos acima fica difícil acreditar que o presidente dos EUA se encontraria com os principais outsiders da mídia controlada pra falar de algo tão prosaico.
 
 O "pai" das relações-públicas foi Edward Bernays. Ele cuidou da propaganda por detrás do golpe de estado na Guatemala, em 1954, onde a CIA tirou do poder um regime democraticamente eleito, e também ajudou a criar um sentimento de guerra contra a Alemanha na 1ª guerra (1917). Sua fama foi feita no final dos anos 1920, quando ele conseguiu inverter uma percepção negativa da sociedade (mulheres fumarem era algo grosseiro e masculino) para algo positivo (glamour, elegância) com a campanha dos cigarros Chesterfield. Ele também é o responsável pela percepção de que a cerveja é uma "bebida leve e moderada". Em 1928 ele lançou o livro "Propaganda", que se tornou a bíblia da indústria da publicidade e dos governos ocultos. Não por acaso foi o livro de cabeceira de Joseph Goebbels, ministro da propaganda nazista (apesar de Edward ser judeu).
Barack Obama é o maior exemplo de um produto de sucesso das relações públicas. Ele saiu do nada para a presidência dos EUA através puramente da imagem e do discurso, uma imagem - e discurso - vendidos não só para os EUA, mas para o mundo todo, e que geralmente não condiz com suas atitudes (A base de Guantânamo continua lá pra provar). Quem produziu Barack Obama? A resposta visível é o marketeiro dele, Ben Self (que por sinal trabalhou na campanha da Dilma). Mas não responde a quem interessa fazer Barack Obama. Esse é um mistério que só pode ser entendido quando acrescentamos um elemento atualmente invisível à nossa sociedade: aqueles que controlam a sociedade.
Edward Bernays fala explicitamente em seu livro "Propaganda":
"Se entendermos os mecanismos e as motivações da mente de grupo, é agora possível controlar e reger as massas de acordo com nossa vontade, sem seu conhecimento."
 Em um livro posterior, Edward cunhou o termo "engenharia do consentimento" para descrever sua técnica de controle de massas:
"A manipulação consciente e inteligente dos hábitos organizados e opiniões das massas é um elemento importante na sociedade democrática (...) Aqueles que manipulam este mecanismo oculto da sociedade constituem um governo invisível que é o verdadeiro poder do nosso país (...) Em quase todo ato de nossa vida diária, seja na esfera da política ou dos negócios, na nossa conduta social ou no nosso pensamento ético, nós somos dominados por um número relativamente pequeno de pessoas (...) que compreendem os processos mentais e padrões sociais das massas. São eles que puxam os fios que controlam a mente do público."
Quem controla a mídia controla o poder. É por isso que nosso querido governo nunca desistiu da idéia de controle total da imprensa, mas nisso têm enfrentado violenta oposição da Band e da Globo. Se a história nos ensinou alguma coisa, é que vai ser preciso criar um factóide (algo dramático, de apelo popular) pra se criar, no calor dos eventos, uma censura que não pareça uma censura. Ou seguir o caminho que já está tomando, de ir aumentando o controle do judiciário e ir estrangulando, por meio de processos e proibições (como a do Estadão) o jornalismo inquisitivo, de denúncia. Por outro lado, engana-se quem pensa que a mídia está contra o governo. Porque, ironicamente, a mídia só se torna relevante em seu poder de convencimento quando está aliada ao poder, e o poder está representado pelo governo, que está repre$entado/sustentado na mídia. Essa simbiose pode ser observada na relação estreita da Globo com todos os governantes brasileiros, independente de ideologia.
Um belo exemplo de inversão completa do espectro está na manipulação em massa da esquerda brasileira, que apenas 15 anos antes era intolerante ao extremo com corrupção e falta de ética da Direita, e prometiam fazer diferente, mas uma vez no poder conseguiu implantar em seus eleitores/apoiadores a idéia de que conchavos, propinas e corrupção fazem parte do jogo político, e que é a única forma de se manter a governabilidade. Isso não foi construído do dia para a noite, e sim ao longo do gerenciamento da mídia dos vários escândalos em que eles se meteram. Algo que nunca conseguiriam sem o poder e carisma de seu relações-públicas Luís Inácio Lula da Silva ("o cara") que, quando quer fazer publicidade ou apagar algum incêndio, dá entrevistas exclusivas à Rede Globo, que outrora criticava.

Fonte: Saindo da Matrix