Muito, muito rápido
Cientistas do CERN (Centro Europeu de Investigação Nuclear) fizeram testes com feixes de neutrinos – que são capazes de passar através de qualquer coisa, porque não interagem com a matéria comum – enviando eles da Suíça, através da crosta terrestre, para o centro de pesquisa Gran Sasso na Itália a 730 km de distância. Chamado de experimento OPERA, os testes foram feitos para medir a frequência de oscilações.
O experimento OPERA, está localizado a 1.400 metros de profundidade, foi construido principalmente para detectar o aparecimento de neutrinos do tau a partir de um feixe de neutrinos do múon, num fenômeno físico conhecido como "oscilação de neutrinos". Este fenômeno permite um tipo de neutrino "transformar-se" em outro tipo diferente de neutrino quando viaja a longas distâncias. Para fazer isso, eles precisam correlacionar o aparecimento de neutrinos do tau em seus detectores com a chegada de neutrinos do múon enviados do CERN. Verificações cuidadosas dos tempos de chegada dos neutrinos de múon em Gran Sasso é uma operação corriqueira e necessária no experimento OPERA. Foi quando os cientistas perceberam que os neutrinos estavam chegando na Itália com alguns bilionésimos de segundos (20 partes por milhão) mais rápido do que a velocidade da luz, equivalente a 300 mil km/s, mesmo sabendo que neutrinos deveriam viajar com velocidades ligeiramente abaixo da velocidade da luz (eles têm massa pequena mas não nula). O feito foi realizado 15 mil vezes para ser confirmado estatisticamente.
A ideia de que nada pode viajar mais rapidamente do que a luz é um pilar da teoria da relatividade especial, formulada por Einstein. E esta teoria está na base de toda a física moderna. Isto pode apontar para uma "nova física" - desde que os outros pesquisadores não encontrem erros no experimento e nas análises."Nós tentamos por todos os meios descobrir um erro - erros triviais, erros mais complicados, efeitos impensáveis - mas não conseguimos encontrar nenhum," disse Antonio Ereditato, da Universidade de Berna, na Suiça.
O físico italiano Antonino Zichichi, falando à revista Nature, levantou a hipótese de que - se os resultados se confirmarem e a física como a conhecemos estiver mesmo desmoronando - então os neutrinos superluminais podem estar pegando atalhos por dimensões extras do espaço, algo que é previsto pela Teoria das Cordas. Mas tanto Ereditato quanto o CERN são bem mais comedidos:"As medições do OPERA estão em desacordo com leis da natureza bem estabelecidas, embora a ciência muitas vezes progrida derrubando os paradigmas estabelecidos," diz a nota do CERN. A confirmação deste achado experimental (cross-checks independentes estão sendo feitos nos próximos meses) colocariam em cheque-mate a Teoria da Relatividade de Einstein e teria importante consequências no formalismo geral das Teoria Quânticas de Campos (TQCs). Aguardemos os desdobramentos....
Fontes: Inovação Tecnológica, Popular Science Brasil, Blog Prof. Magno Machado (Com alterações)
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