terça-feira, 18 de outubro de 2011

Grandes invenções: Cerveja!!!!

     A primeira comunidade de homens e mulheres que acrescentou à História uma herança hoje reconhecida como intelectual foi a dos sumérios, um povo que viveu na região onde hoje fica o Iraque, nos campos férteis entre os rios Tigre e Eufrates, conhecida como Mesopotâmia. Intelectualidade é aquela capacidade que só os humanos têm de perceber coisas fora do alcance de seus cinco sentidos, o chamado pensamento abstrato. Os sumérios foram os responsáveis por algumas abstrações notáveis, que turbinaram a marcha da humanidade e influenciaram para sempre o modo como as pessoas pensam, agem e se comunicam - dos babilônios e egípcios, que vieram logo em seguida, até nós, aqui nesse mundinho, 50 séculos depois.
     Aos sumérios se deve a invenção da cerveja. Muita gente diria que, se eles não tivessem feito mais nada, só com isso já teriam garantido seu lugar no trem da História. E na janelinha. Mas eles fizeram. Entre outras bagatelas, devem-se aos sumérios o conceito de que os homens foram criados à imagem dos deuses, a fabricação dos primeiros instrumentos agrícolas, as tentativas iniciais de organização de cidades, os rudimentos do cooperativismo e a fabricação do vidro. Uau! Mas o auge da intelectualidade ainda estava por vir: os sumérios foram a primeira civilização da Terra capaz de registrar a própria história, porque eles inventaram a palavra escrita.
     Mas vamos ao que interessa: Birita!!! A história antiga da cerveja, bem como a de qualquer outra bebida alcoólica, está cercada de mistérios. A incapacidade dos povos antigos em registrar fatos históricos através da escrita justifica a inexistência de relatos antigos relacionados à cerveja. A notícia mais antiga que se tem da cerveja vem de 2600 a 2350 a.C. Desta época, arqueólogos encontraram menção no Hino a Ninkasi, a deusa da cerveja, de que os sumérios já produziam a bebida, mas muito se especula sobre a possibilidade de o homem produzir cerveja (o termo mais apropriado para este cerveja antiga, que muitas vezes levava mel em sua composição, é mead) desde pelo menos 8.000 a.C, que é a data da invenção da agricultura pelo homem pré-histórico. Afirma-se que sua descoberta se deu pouco depois do surgimento do pão. Eles descobriram que poderiam usar a cevada para levedar os alimentos, assim os sumérios teriam percebido que a massa do pão, quando molhada, fermentava, ficando ainda melhor. Assim teria aparecido uma espécie primitiva de cerveja, como "pão líquido". Mas o que faziam naquele tempo não era bem cerveja, apenas cevada misturada com água. Já na Babilônia dá-se conta da existência de diferentes tipos de cerveja, originadas de diversas combinações de plantas e aromas, e o uso de diferentes quantidades de mel. O Código de Hamurabi, rei da Babilônia entre os anos de 1792 e 1750 a.C., incluía várias leis de comercialização, fabricação e consumo da cerveja, relacionando direitos e deveres dos clientes das tabernas. A cerveja teve alguma importância na vida dos primeiros romanos, mas durante a República Romana, o vinho destronou a cerveja como a bebida alcoólica preferida, passando esta a ser considerada uma bebida própria de bárbaros. Tchê, mas que barbaridade!!!
     Durante a Idade Média, a produção em maior escala começou a ser difundida em abadias e conventos cristãos, e também durante esse período a cerveja começou a ganhar novas características, com adição de ervas, raízes, etc. que lhe conferiam aroma e sabor. Em parte, essas experiências com a adição de ervas buscavam dar à cerveja propriedades medicinais. Com o tempo, descobriu-se as vantagens da utilização da flor de lúpulo no preparo da cerveja, que garantia sua melhor conservação e dava a ela aroma e sabor característicos. Depois disso, a adição do lúpulo disseminou-se, e com o tempo a utilização de outros elementos vegetais foi deixada de lado. O uso de lúpulo para dar o gosto amargo e preservar é uma invenção medieval, atribuída aos monges do Mosteiro de San Gallo, na Suíça. O lúpulo é cultivado na França desde o século IX. O mais antigo escrito remanescente a registrar o uso do lúpulo na cerveja data de 1067 pela Abadessa Hildegarda de Bingen: "Se alguém pretender fazer cerveja da aveia, deve prepará-la com lúpulo."
     No meio caminho entre a invenção da cerveja e todas as novidades citadas acima, houve, principalmente por parte dos alemães, um grande esforço em melhorar a qualidade da cerveja. Desde a proibição da fabricação de cervejas no verão até a proclamação da famosa e hoje, para alguns, controversa Reinheitsgebot, muitas melhorias técnicas possibilitaram a existência da cerveja como a conhecemos hoje. A primeira espécie de "regulamentação" sobre o processo de fabricação da cerveja ocorreu em 1516, na Baviera. O documento, intitulado Reinheitsgebot, afirmava que a verdadeira cerveja, "pura", só poderia ser produzida com cevada, lúpulo e água. Os ingleses não concordaram, sobretudo na questão do lúpulo, e a partir daí as cervejas foram se diferenciando em seus vários tipos. Hoje, estima-se que existam mais de 20.000 tipos e subtipos de cerveja no mundo.
     A cerveja é resultado da fermentação alcoólica preparada de mosto de algum cereal maltado, sendo o melhor e mais popular a cevada. A temperatura ambiente é um fator muito crítico no processo de fabricação da cerveja. Mais precisamente durante a fermentação. Se o clima está muito quente (acima de 25 graus Celsius) a fermentação pode ocorrer de maneira descontrolada e prejudicar a qualidade da cerveja, de maneira oposta quando está muito frio (abaixo de 8 graus para cerveja de baixa fermentação e abaixo de 12 graus para cerveja de alta fermentação) a fermentação pode não ocorrer e se não temos fermentação não temos cerveja! :(
     A água corresponde a aproximadamente 90% na composição da cerveja. Mas não importa de qual localidade ela venha, pois a água utilizada nas atuais cervejarias passa por um processo de “preparação”, que a transforma em água cervejeira. Essa tecnologia, aliada a rígidos controles de qualidade, fazem com que o líquido usado em qualquer fábrica seja igual. Antigamente, a origem dessa água e as suas características tinham um efeito importante na qualidade da cerveja, influenciando, por exemplo, o seu sabor. Muitos estilos de cerveja foram influenciados ou até mesmo determinados pelas características da água da região.
     Dentre os maltes, o de cevada é o mais frequente e largamente usado devido ao seu alto conteúdo de enzimas, mas outros cereais maltados ou não maltados são igualmente usados, inclusive: trigo, arroz, milho, aveia e centeio. Usa-se a flor do lúpulo para acrescentar um gosto amargo que equilibra a doçura do malte e possui um efeito antibiótico moderado que favorece a atividade da levedura de cerveja em relação a organismos menos desejados durante a fermentação como os frequentemente encontrados em corpos em decomposição ou fezes de animais. As leveduras, nesse processo, metabolizam os açúcares extraídos dos cereais, produzindo muitos compostos, incluindo o álcool e dióxido de carbono. Dezenas de estirpes de fermentos naturais ou cultivados são usados pelos cervejeiros, sendo, de um modo geral, sortidos por três gêneros: ale ou de fermentação alta, lager ou de baixa fermentação, e leveduras selvagens.
     Bom doidinhos, espero que tenham gostado de ler esse post, assim como gostei de fazê-lo. Não quiz deixá-lo muito extenso, espero em breve fazer outro falando mais sobre o processo de fabricação e sobre os diversos tipos.
     Abraços a todos
     Bruno Martinez Ribeiro

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